A pedagogia do círculo na educação

Serviraser – educação & liderança

 

Conversar em círculo pode ser uma poderosa ferramenta pedagógica, tanto nos processos educativos que sustentamos com nossos educandos quanto no trabalho de desenvolvimento de nossa equipe educativa. O círculo é uma forma eficiente de cultivar os diversos dons da Liderança do Coração, e aqui destacaremos a Cocriação, a Empatia, a Integridade e o Empreendedorismo.

 

Essa metodologia de conversa é uma das mais antigas de nossa história humana – muito provavelmente os primeiros agrupamentos humanos sentavam em círculo, ao redor da fogueira, por exemplo, para conversar sobre temas que lhe fossem importantes. Atualmente, redes que investigam formas mais eficientes de conversar têm jogado luz sobre quais são as características e benefícios do círculo e a que demandas ele atende, e o têm recuperado como uma prática que serve a diversos públicos e contextos.

 

Quais as características do círculo?

 

  • Num bom círculo, todos conseguem se olhar nos olhos

 

  • Todos estão equidistantes do centro – portanto, todos têm igual importância na hierarquia

 

  • Todos têm a oportunidade de falar, portanto a liderança é rotativa e circular

 

Que demandas o círculo atende?

 

  • Como todos estão no mesmo nível hierárquico, permite que todos tenham a oportunidade de contribuir para investigar algum tema ou questão importante, portanto abre espaço para a Cocriação

 

  • Como todos se olham nos olhos, falando e ouvindo o compartilhar uns dos outros, o círculo permite que cada pessoa se reconheça um pouco na outra, aprofundando a Empatia

 

  • Como, no círculo, cada um fala mais profundamente de sua própria perspectiva sobre um tema ou questão, ele estimula que cada pessoa entre em contato com seus pensamentos, emoções e sensações, e que o grupo também identifique o que está vivo para o coletivo como um todo, desenvolvendo a Integridade

 

  • Como o círculo é um espaço para conversar sobre temas importantes para um grupo, naturalmente ele faz com que todos tenham mais clareza de seus propósitos individuais e do propósito do grupo, que é uma parte essencial para o desabrochar do Empreendedorismo

 

Quais os princípios básicos do círculo?

 

  • Falar com intenção: significa falar a partir do “eu” (eu sinto, eu acho, na minha vida…) e não projetando a fala em outras pessoas (as pessoas hoje… porque você sabe… a gente precisa…) e buscando falar daquilo que é importante para si, conectado com os próprios sentimentos.

 

  • Escutar com atenção: significa estar plenamente presente na hora da escuta, sem dispersar, fazer outras coisas ou se perder nos próprios pensamentos.

 

  • Diminuir o julgamento e aumentar a curiosidade: significa não interpretar o que o outro está falando, não emitir opinião (mesmo que sejam conselhos bem intencionados), não achar que “entendeu” ou “sacou” quem é o outro e porque ele está falando o que está falando, e sim ouvir com neutralidade ou se fazendo perguntas que lhe ajudem a querer conhecer mais o outro e sua realidade, buscando investigar o porquê dele estar falando o que está falando e dele ser quem é.

 

  • O silêncio também faz parte da conversa: significa permitir que haja momentos de silêncio durante a conversa, seja no espaço entre a fala de duas pessoas ou durante a fala de uma pessoa, sem interpretá-lo como “desconfortável”, pois é no silêncio que, muitas vezes, podemos nos conectar com níveis mais profundos do que estamos sentindo e do que queremos falar.

 

  • Existem outros princípios e compromissos, que podem ser estudados com mais profundidade em cursos como A Arte da Liderança Colaborativa ou A Arte de Anfitriar Conversas Significativas (Art of Hosting) ou em livros como XXXXX.

 

Quando e como usar o círculo no trabalho com a equipe?

 

  • Sempre que for iniciar qualquer reunião. Neste caso, sugerimos fazer um círculo com as perguntas: “Como chegamos nesta reunião? Sobre o que queremos conversar hoje?”. Essas perguntas ajudarão o grupo a se desconectar das outras demandas e ficar mais presente na reunião, conectar com o que é importante para cada um e deixar mais claro quais são as pautas prioritárias para aquele dia.

 

  • Sempre que for terminar qualquer reunião. A pergunta “Como saio desta reunião hoje?” ajuda a gerar clareza sobre o que de fato assentou em cada um do que foi conversado, ajudando a firmar os compromissos de cada um e ajudando a pessoa a fechar o ciclo energético daquela conversa para que ela possa ir tranquila para suas próximas atividades. Além disso, esse círculo ajuda a perceber se ficou algum ruído não expresso durante a reunião, que, se não trabalhado, poderá gerar as já conhecidas “conversas de bastidores”. Quando não for possível fazer um círculo mais longo de finalização (pois às vezes a reunião está atrasada), pode-se fazer um círculo em que cada pessoa fala apenas uma frase ou uma palavra sobre como está saindo. Outras perguntas que podem ser feitas num círculo de encerramento podem ser: “Com que compromissos saio desta conversa?”, “O que mais me tocou nessa conversa?”, “Quais são os próximos passos?”, entre outras.

 

  • Sempre que houver necessidade de aprofundar vínculos. Quando a liderança sentir que existem muitos conflitos numa equipe, ou que há vontade de celebrar os vínculos, ou checar como cada um está naquele momento em sua vida ou em relação à organização, ou ainda apenas para nutrir regularmente as relações, é muito saudável conduzir círculos mais longos, em que cada um pode falar mais profundamente sobre como está e como está se sentindo em relação ao grupo, à organização onde trabalha ou ao trabalho em si. Nestes casos, é importante ritualizar o círculo, para criar um campo sagrado que valorize a conversa que vai acontecer – por exemplo: arrumar a sala de um jeito especial, com cores e cheiros, arrumando o centro do círculo com flores, vela e objetivos significativos, escrevendo de forma bonita e colocando no centro a pergunta que será feita para o círculo, etc. Perguntas que podem ser úteis para esse tipo de círculo são: “Qual a coisa mais importante que está acontecendo em minha vida hoje?”, “Como estou me sentindo em relação a este grupo?”, “Como estou me sentindo em relação a trabalhar aqui?”, “Como está minha vida hoje?”, entre outras.

 

  • Em momentos de planejamento estratégico. Sempre que houver a necessidade de iniciar um planejamento – seja o planejamento anual, de um novo projeto, de uma festa para a comunidade – o círculo pode ser muito útil para o grupo se conectar com os sonhos de cada pessoa para aquela nova ação, num nível mais profundo. Aqui, novamente, pode ser útil ritualizar o círculo, a depender do grau de importância do planejamento. É bastante produtivo colher as informações que forem saindo num papel ou computador, para depois partir para outros momentos de conversa que ajudem a detalhar mais o planejamento. A conversa do círculo tende a ser menos prática, então, em casos de planejamento é importante que ele aconteça como a primeira conversa, para conectar as pessoas entre si e com o propósito do que vai ser planejado num nível mais profundo, gerando ideias mais criativas e motivação para seguir para as próximas etapas, em que o planejamento poderá ser detalhado num nível mais prático, usando outras técnicas de conversa. Perguntas que contribuem para este tipo de círculo são: “Qual o nosso sonho para (o que vai ser planejado)?”, “Qual, na minha opinião, é o propósito de (o que vai ser planejado)?”, “ O que / Por que queremos fazer (o que vai ser planejado)?”, “O que me inspira a querer (o que vai ser planejado)?”, entre outras perguntas.

 

  • Em momentos de feedback de equipe. Momentos de avaliação são quase sempre muito difíceis e tensos. Uma forma de trazer mais segurança e empatia para este tipo de momento é fazê-lo em círculo, da seguinte forma: primeiro, é importante que toda a equipe construa junto um grupo de combinados (relativos a procedimentos, normas, metas, entre outros), pois se os combinados vêm só das lideranças centrais, as pessoas tendem a não se apropriar tanto deles; segundo, é importante ritualizar o círculo, criando um ambiente favorável, e dando tempo para que surja o que for preciso, sem que a conversa tenha de ser interrompida no auge; terceiro, é importante começar pelo autofeedback, deixando que cada pessoa se avalie a partir dos combinados que ela mesma (junto com o grupo) criou, em vez de começar com as pessoas dando feedback umas para as outras – isso ajuda a diminuir resistências, aumentar a humildade, a sinceridade e a auto-responsabilidade e, muitas vezes, ao final, resta pouco a ser criticado no outro; quarto, é importante que as lideranças centrais participem em pé de igualdade, dando o exemplo honesto de auto-avaliação e sem “aproveitar” para sutilmente dar bronca ou lição de moral no grupo; em quinto lugar, ajuda muito se antes da segunda rodada, em que cada um poderá dar feedback para outra pessoa ou para o grupo, seja frisado a importância da fala positiva e apreciativa – por exemplo, em vez de “eu não gosto que você fale alto”, dizer “eu gostaria que você falasse mais baixo” – trazendo o foco para o potencial que gostaríamos que o outro expressasse, em vez de o defeito que gostaríamos que ele corrigisse; sexto, nas rodas de feedback, as críticas e os elogios devem ser igualmente valorizados – é importante que todos se sintam apreciados em algo, de forma verdadeira; em sétimo lugar, é importante que os combinados, os exemplos de frase apreciativa, as perguntas que nortearão o círculo etc estejam visíveis para todos, em flip charts, power point ou outros; em oitavo, é muito importante que alguém colha (se possível, de forma bonita e visual) as coisas mais bonitas que surgirem desse círculo, e que possa ser revisitado depois, seja enviando-o para as pessoas ou deixando esta colheita pregada na parede; por último, ajuda muito que ao final se faça um fechamento que ajude as pessoas a aliviar a tensão (com algum exercício físico ou de relaxamento, por exemplo) e a conectar com algo muito positivo (fazendo uma fala final profundamente poética e apreciativa). Círculos de feedback, quando bem conduzidos, são experimentados como algo inesquecível, gerando cura e aprofundamento de vínculos.

 

Quando e como usar círculos no processo educativo?

 

  • Círculos com crianças: existe uma técnica muito simples e efetiva para usar o círculo com crianças (mesmo aquelas de 3 ou 4 anos de idade), que consiste em pedir para que as crianças sentem em círculo e, segurando a ponta de um barbante, jogar o rolo para uma criança e pedir que ela fale qualquer, por exemplo, coisa sobre o dia dela (pode ser também sobre qualquer outro assunto – seus pais, algo que ela aprendeu etc). Em seguida, ela joga para outra criança, que fala sobre ela, e assim sucessivamente. Quanto menores as crianças, mais rápidas precisam ser as falas, pois elas facilmente se dispersam. Ao final, forma-se uma teia, com todas as crianças segurando uma ponta do barbante. Além de ser divertido, o ato de segurar a corda faz com que as crianças não dispersem e fiquem presentes na roda. Outra forma de manter o círculo lúdico e divertido é ter um bastão da fala (veja mais abaixo) lúdico, que possa ser jogado de pessoa para pessoa – por exemplo, uma bola colorida.

 

  • Círculos com jovens: conversas em círculo funcionam bem com jovens, e podem ser feitas em moldes bem parecidos com os sugeridos mais acima, para o trabalho de equipe. Conversas sobre temas e angústias dessa fase podem ser muito profundas quando feitas em círculo, desde que não se façam perguntas num nível muito técnico ou formal (por exemplo, “Qual a importância da sexualidade?”), mas num nível mais pessoal, que permita ao jovem falar sua opinião sobre o assunto (por exemplo, “O que é sexualidade para você?”). Ao mesmo tempo, perguntas muito pessoais (por exemplo, “Como você tem vivido sua sexualidade?”) tendem a não funcionar, salvo em grupos já bem trabalhos ou com alto nível de vínculo, pois muitos jovens não querem se expor tanto. Mas quanto é pedido aos jovens sua opinião sobre um assunto (seja sexualidade ou vida familiar), muitos tendem a contar um pouco da sua história, e nesse processo, a cada fala que se sucede, o círculo começa a se aprofundar. É importante o educador entender que existe uma “musculatura” da conversa a ser trabalhada, e que pode demorar até se chegar num círculo profundo e concentrado – os primeiros círculos podem ser permeados de risos nervosos, brincadeiras, ou simplesmente de falas rápidas e curtas. E o educador não deve repreender ou recriminar o grupo se isso acontecer, pois neste caso ele corre o risco de perder a confiança do grupo para trazer essa atividade de novo (que pode ser classificada, neste caso, como “obrigação” ou “chata”). Em vez disso, o melhor é apreciar o mínimo de avanço na capacidade de concentração ou de profundidade que for alcançado naquela conversa em específico. Aos poucos, o grupo vai se acostumando – e até se afeiçoando – a conversar deste jeito, e vai trazendo historias e temas cada vez mais profundos.

 

  • Círculos com adultos: no caso de processos educativos com adultos, o círculo pode funcionar de forma bem parecida com alguns dos círculos sugeridos mais acima, para trabalho em equipe. Os adultos, em geral (mesmo os de origem mais simples e com dificuldade de se expressar) gostam muito de contar sua história, então perguntas pessoais sempre caem muito bem, por exemplo: “Quem sou eu?”, “O que eu mais valorizo na vida?”, “Por que (tema em questão) é importante para mim?”, “Como eu tenho vivido (tema em questão)?” e por aí vai. O único cuidado aqui é que, no caso de grupos com nível educacional muito simples, é melhor evitar perguntas que exijam abstração, do tipo “O que este tema que estamos trabalhando conta sobre mim mesmo?”, pois muitas vezes as pessoas ficam confusas e se desconectam. Adultos que cresceram com poucos estímulos educativos tendem a ter mais dificuldade para abstração (embora isso não seja uma regra) e, por isso, perguntas mais simples e concretas como “O que você mais gosta na vida?”, “Quem são as pessoas mais importantes para você?”, “Qual seu maior sonho?”, “Qual sua maior dificuldade?” costumam funcionar melhor.

 

Dicas para conduzir círculos

 

  • Bastão da fala: muitos grupos têm dificuldade de sustentar uma conversa profunda, em que as pessoas não se interrompem e em que o silêncio é respeitado como parte da conversa. Por isso, atualmente, muitos círculos são conduzidos com a ajuda de um bastão da fala – um objeto que é segurado pela pessoa que deseja falar e, enquanto ela estiver segurando o objeto, somente ela fala. É importante que o facilitador assegure que o bastão da fala seja respeitado, convidando gentilmente as pessoas a silenciarem quando elas falarem enquanto a pessoa que está com o bastão está falando. O bastão da fala pode ser: (i) um objeto ritual levado pelo facilitador (algo com uma aura sagrada, seja um símbolo religioso, algo de muito valor sentimental para o facilitador ou um bonito objeto da natureza); (ii) um objeto lúdico, como um boneco, uma bola colorida, um objeto engraçado; (iv) qualquer objeto que esteja disponível, como uma caneta ou uma caneca (não indicado se o facilitador quiser ritualizar o círculo, mas útil em reuniões cotidianas); (v) um ou vários objetos dos participantes, que podem levar algo significativo para eles (quando avisados com antecedência) e colocar esses objetos no centro do círculo, para que sirvam de bastão da fala. Neste caso, é interessante convidar os participantes a colocarem seus objetos no centro da roda com a intenção de que, ao fazer isto, eles estejam investindo sua energia naquela conversa. O facilitador pode escolher usar um único bastão da fala para todos os participantes ou eles podem escolher, na sua vez de falar, trocar o objeto por outro que esteja no centro do círculo. O bastão não é um pré-requisito do círculo, e é importante que ele não vire uma “muleta” em que a conversa só é possível com ele, mas ele pode ser uma ferramenta útil para: treinar a capacidade de falar com intenção e escutar com atenção; ritualizar a conversa; trazer um aspecto “sensorial” para a fala; ou para momentos em que a conversa “esquentou” e o grupo está se interrompendo muito.

 

  • Circulando a fala entre as pessoas: o facilitador pode escolher deixar a fala livre: quem quiser, pega a palavra (ou o bastão da fala), expressa-se, e depois devolve o bastão (ou silencia) e espera a próxima pessoa falar. Este tipo de círculo tem a vantagem de permitir que cada pessoa fale no seu tempo, mas pode ser muito mais longo, pois às vezes há períodos grandes de silêncio entre uma fala e outra. Outra opção é pedir que, após a primeira pessoa falar, ela passe o bastão (ou a palavra) para a pessoa a seu lado (à sua direita, por exemplo) e assim sucessivamente. Se alguém não desejar falar, essa pessoa passa a palavra para a pessoa do lado, e assim por diante, até a palavra ou o bastão retornarem para a primeira pessoa que falou. Se a intenção do círculo for fazer com que todos falem, a palavra (ou o bastão) pode dar mais de uma volta no círculo, dando oportunidade para que aqueles que preferiram passar sua vez na primeira rodada possam falar na segunda.

 

  • Tempo do círculo: o tempo do círculo depende, principalmente, de três fatores: o tipo de pergunta (quanto mais profunda, maior o tempo de fala de cada um); o número de pessoas; o perfil do grupo (pessoas com maior capacidade de abstração e com maior nível de autoconhecimento tendem a falar por mais tempo). Embora cada círculo tenha um tempo único, só como uma referência, é comum círculos de 25 pessoas, quando colocada uma pergunta mais profunda, demorar cerca de 2h. Embora não seja convidativo falar para as pessoas que elas têm um número máximo de minutos para falar, o facilitador pode manter em mente, na hora de calcular o tempo do círculo, uma média de 4 a 6 minutos por pessoa que, embora nem sempre pareça, é bastante tempo para uma única pessoa falar. Quando a pergunta é menos profunda ou o grupo não tem o perfil de falar muito, ou quando a proposta for responder a pergunta com uma frase, o círculo pode ser bem mais curto – neste caso, pode-se pensar numa média de 1 a 3 minutos por pessoa. De todo modo, só com a prática chegamos a ter uma noção mais exata do tempo médio de círculo para cada grupo.

 

  • Preparação do espaço: como já dito, círculos que se propõem a conversas mais profundas ganham quando os ambientes em que as conversas acontecerão são melhor preparados. O tipo de preparação vai depender da cultura do grupo em específico – em alguns lugares, incensos, velas e outros arranjos serão bem recebidos e, em outros, apenas um vaso de flor no centro ou apenas a pergunta central que servirá de base para a conversa, escrita de uma forma atraente e bonita. Caso os participantes tragam objetos pessoais para colocar no centro, vale colocar uma toalha bonita e criar um ambiente convidativo para que eles queiram colocar o seu objeto.

 

  • Sustentação da energia: durante os círculos, diversas coisas que influenciam a energia do grupo podem acontecer: o tempo do círculo ser muito longo, e as pessoas começarem a se desconectar; alguma fala mais emocionante impactar o grupo; as pessoas se desconectarem dos princípios e começarem a se interromper, dar conselhos, julgar etc. Por isso, é muito útil que o círculo tenha ao menos um guardião (que pode ser o próprio facilitador ou um co-facilitador) que desde o princípio se apresenta como alguém que buscará cuidar da integridade da energia do círculo. Esse cuidado deve ser feito de forma gentil – ou seja, o grupo não deve tomar “bronca” por estar quebrando os princípios do circulo, por exemplo. Uma forma de fazer isso é combinar com o grupo que sempre que o guardião sentir que a energia está caindo, por causa do tempo, ou porque as pessoas começaram a se interromper etc, ou em momentos de uma fala mais tocante, que ele tocará um sino para que todos possam fazer alguns minutos de silêncio, seja para poder voltar a uma atitude mais centrada, seja para digerir a fala emocionante que acabou de acontecer. Ao segundo toque do sino, o círculo pode continuar.

 

Embora todas as dicas e princípios explicados nesse texto sejam úteis, o que é realmente determinante para aprender a facilitar círculos e usá-los de forma apropriada em cada contexto é praticar, praticar e praticar! Por isso, convidamos todos os praticantes da Liderança do Coração a arriscar-se e chamar círculos em seus diversos contextos pessoais e profissionais, ousando criar novas culturas nos grupos em que participamos, onde a Integridade, a Empatia, a Cocriação e o Empreendedorismo são forças vivas, e não apenas teorias escritas num papel.