Hoje termina uma jornada de 2 meses e meio fora de São Paulo e de 1 mês em Aracaju, minha terra natal. Sinto que tal qual a jornada de 70 dias que fiz pelos EUA entre ano retrasado e passado, esta também foi uma viagem talhada sob medida pela vida para que eu abrisse mais meu coração, aproximasse-me mais de mim mesmo e limpasse os canais para o pleno fluir da minha vida e de tudo que está emergindo nela, incluindo carreira e filhos.

 

Não tenho atração por ficar expondo minha vida íntima nas redes sociais, mas sinto que de vez em quando a vida me traz algum presente ou insight tão importante, que a minha vontade é compartilhar com o mundo inteiro. Talvez aí more uma influência do meu instinto de escritor, que naturalmente me chama para compartilhar com mais pessoas as narrativas que acontecem dentro e fora de mim.

 

Por isso, queria compartilhar e agradecer a vida e a todos os seres com quem a tenho partilhado, pelos momentos vividos nestes dois meses, no texto-poema que segue abaixo. Algumas partes só serão entendidas por quem conhece os fatos aos quais elas se referem, mas talvez mesmo elas possam ser compreendidas com o coração. Nem todos estão nomeados aqui em palavras, mas estão todos registrados nas entrelinhas do texto e do meu coração.

 

 

 

Aos ancestrais que me guiam

 

 

 

Se importante é aquilo que portamos no coração

 

Que fiquem para sempre registrados

 

Nas estrelas

 

Esses momentos:

 

 

 

Ver você, meu irmão,

 

Casando com sua alma gêmea,

 

Do lugar mais belo que eu poderia

 

Imaginar:

 

O pé do altar,

 

Onde tive a honra de os receber

 

Ao lado de minha companheira.

 

 

 

Mergulhar na sua história,

 

Meu amor,

 

E aprender uma parte

 

Da sua língua,

 

Aquela que passeia

 

Pelo Sena

 

E namora aos pés

 

Do lago das uvas.

 

 

 

Comungar, com sua família,

 

De uma história

 

Muito antiga,

 

Cujos portais só se

 

Abrem

 

Pela honra ao que

 

Passou.

 

 

 

Entender que a

 

Europa

 

É também a minha

 

Terra

 

Porque nela vivemos

 

Vidas

 

E o Natal que

 

Juntos

 

Comungamos.

 

 

 

Mergulhar num kiirtan

 

Tão doce e verdadeiro

 

Que qualquer lugar

 

Do mundo

 

Pareceria menor

 

E menos bonito

 

Que aquele salão pequeno,

 

Num inverno gelado, de dias curtos

 

Do interior de uma Suécia distante.

 

 

 

E num desses momentos

 

Sentir que rodamos juntos

 

Você, meu amor, apoiando minha voz cansada

 

Numa madrugada

 

Sem ninguém.

 

 

 

E num desses encontros

 

Sentir que Deus preparou

 

Um momento só nosso

 

E da alma que

 

Nos espera.

 

 

 

Comungar com os amigos

 

Que moram longe

 

De seus amores e projetos

 

De seus filhos e gravidezes

 

Sentir-me acolhido,

 

E na véspera de um adeus,

 

Num momento pequeno

 

E mágico,

 

Sentir no meu corpo

 

Como um lágrima

 

O meu próprio filho

 

Passando através

 

De mim.

 

 

 

Degustar da vida

 

Com você,

 

Meu raio de sol,

 

No sabor de uma massa

 

Caprichada

 

Um chocolate inesquecível

 

Um passeio engraçado,

 

Verde,

 

Antigo,

 

Amoroso,

 

Doce,

 

Sutil,

 

Musical,

 

Terminando sempre,

 

Claro,

 

Com um sorvete

 

De pistache,

 

Em uma Roma

 

De terraços

 

Tão charmosos

 

Quanto nosso amor.

 

 

 

Passear pelas mágicas

 

Montanhas

 

Da uma Suíça

 

Inesquecível,

 

Num dia improvável

 

De luz e sol,

 

Num jantar improvável

 

De bons amigos,

 

Numa conversa de trem

 

Mirando a beleza sem fim,

 

Falando sobre o que

 

Importa

 

Com você, meu irmão,

 

Que sempre

 

Amarei

 

 

 

Jantar com você,

 

Mainha,

 

E beber do seu

 

Brilhantismo,

 

Nutrir-me de sua

 

Genialidade,

 

Digerir a sua

 

Generosidade

 

E sair mais forte

 

Para voltar para casa.

 

 

 

Não pense que não notei

 

O pão comprado logo cedo

 

A sopa feita com carinho

 

A água de côco sempre fresca

 

O sorriso de avó coruja

 

A partilha da sabedoria

 

A taopica quentinha

 

A novela compartilhada

 

O quarto cedido

 

O espaço oferecido

 

Para eu ser quem sou.

 

 

 

Também não pense que não notei,

 

Martoca,

 

Sua humilde presença,

 

Cuidando da minha,

 

Zelando por mim,

 

Sendo você,

 

Tão autêntica e brilhante,

 

Guiando meus passos

 

Ao me fazer pensar e rir

 

E ser a parceira

 

Bruxinha do bem

 

Da minha mãe.

 

 

 

Viver a vida com vocês,

 

Meu irmão, minha cunhada,

 

Presenças amadas,

 

Junto com minha esposa,

 

Como Irmãos de vida,

 

De Alma,

 

Recebendo de Deus

 

E compartilhando juntos

 

Nossos dons,

 

Em casa,

 

No curso,

 

Na sorveteria,

 

No papo gostoso

 

Antes de sair do carro.

 

Amor.

 

 

 

Maya sentada comigo

 

Juntinho na rede

 

Ela correndo do monstro

 

Que agora eu era

 

Pulando no ombro

 

E me ajudando,

 

Tão linda,

 

A controlar o tempo

 

Do meu olhar

 

Anfitrião.

 

 

 

Theo imitando

 

Tarzan

 

Como faz o tio Guga

 

Seu cabelo de mel

 

Brilhando ao sol

 

Seu sorriso de dentes

 

Poucos

 

Sorrindo como a ninfa

 

Pureza

 

Batendo engraçado

 

No chão

 

No tambor

 

Na mesa

 

E sempre pedindo

 

Ké – ké – ké

 

Dá – dá – dá

 

Para qualquer

 

Gordinharia

 

Que se veja

 

 

 

Sentir você, minha amada,

 

Ainda aqui ao meu lado,

 

Partilhando comigo

 

Das dores

 

E das delícias

 

E fazendo desta família

 

Uma família que também é

 

Sua.

 

 

 

A flor do propósito

 

Abrindo novas

 

Pétalas

 

Nos chamados

 

Da Alma,

 

Que caem tanto,

 

Como frutas maduras,

 

Que ao mesmo tempo

 

Que agradeço,

 

Pergunto com quem

 

Compartilharei

 

O que não cesta

 

Já não mais cabe.

 

Agradeço, Senhor,

 

A felicidade

 

E a abundância.

 

 

 

São tantos parceiros

 

Que tecem comigo

 

O que sou

 

E o que somos

 

Que é como se eu

 

Morasse

 

Numa galáxia brilhante

 

E tão próxima,

 

Onde sou uma

 

De muitas estrelas

 

Com quem partilho

 

A luz.

 

 

 

Encontrar vocês,

 

Meus amigos,

 

Meus irmãos,

 

Não apenas em Serra Grande

 

Mas na simplicidade do cotidiano

 

E na grandeza da alma

 

Do seu nobre coração guerreiro,

 

Amado Thomas,

 

Do seu bondoso coração

 

Feiticeiro,

 

Amada Narjara,

 

E na combinação de tudo isso,

 

Nos olhos sorridentes

 

De Luan,

 

Brilhando como a Lua

 

Na tarde em que Cristo

 

Nos penetrou,

 

Sob a guarda da

 

Deusa Kali

 

Com suas alegres

 

Quatro patas.

 

 

 

Sentar com você,

 

Meu pai,

 

Naquela mesma varanda

 

E sentir que aos poucos

 

Me preparo

 

Para sermos Um

 

Mais e mais,

 

No Amor.

 

 

 

Almoçar com vocês,

 

Vovô Antônio e vovó Gilda,

 

E ver que uma estrela brilha

 

Mesmo no corpo que fraqueja

 

Com a luz de Deus,

 

Da devoção que nunca cessa,

 

E da entrega que você, meu avô,

 

Respira.

 

 

 

E ouvir, ouvir e ouvir,

 

Sem nunca querer parar,

 

As histórias doces,

 

Alegres, difíceis,

 

Belas, intensas,

 

Conhecidas, surpreendentes,

 

Fortes, leves,

 

De quem conheço

 

E de quem jamais

 

Conheci,

 

Que falam de mim

 

E de para onde vou,

 

As suas histórias,

 

Meu avô José Augusto

 

E minha avó Maria da Conceição

 

Meu vovô Augusto

 

Minha Nana Ceiça

 

Minha Vovoruska,

 

E guardar como jóias

 

Seus olhos marotos, voinha,

 

Seus olhos brilhantes, voinho,

 

E saber que eu sempre,

 

Sempre,

 

Os portarei no meu

 

Coração.

 

 

 

Que minhas palavras

 

Possam honrar

 

A sabedoria que vocês me trouxeram

 

No livro que escreverei.

 

 

 

Que minhas palavras

 

Possam honrar

 

A sabedoria de todos vocês,

 

Ancestrais,

 

Na forma de homens, mulheres,

 

Amigos, irmãos,

 

Pais e avós,

 

Colegas, clientes,

 

Parceiros, Seres,

 

E que eu possa

 

Ser grato

 

E agradecer sempre

 

Porque continuamos juntos

 

Nos próximos passos

 

Desta jornada.