(V)

Certamente há outros homens que, como eu, choram ao ver uma mulher dançar. Mesmo que não chore com lágrimas – eu, por exemplo, choro dentro do peito. Não há nada mais lindo que uma mulher entregue à dança, qualquer dança – forró, axé, rock`n`roll, odissi, jazz, contemporâneo, ritmos africanos, populares, balé, dança espontânea – desde que dance inteira, como se seu coração fosse o eixo de um movimento com domínio, mas sem controle. Se as curvas de uma mulher já são, por si só, iluminadoras do homem que as adora, quando elas se movem, com essa graça, com essa luz, com essa força, o mel desce desde a pineal até o coração e chega, por que não, ao centro do desejo, e volta para o coração. O corpo todo bebe a mulher que dança, e dela só quer ser. Ser. Sem limites. E quando essa mulher é quem eu amo, meu corpo quer Ser e mergulhar, quer despejar o meu próprio mel, para bebermos pelo eterno presente um movimento infinito que dure para sempre. Eu te amo.

 

trecho do livro “Dança, Menina, Dança!”, ainda em produção